terça-feira, 13 de agosto de 2024

Caminho de Santiago (Caminho Português da Costa): notas e roteiro

Introdução


Decidi tornar públicas minhas notas da preparação para o Caminho de Santiago de Compostela. Enquanto planejava o itinerário, precisava de um lugar para consolidar informações que pudesse consultar de forma rápida antes e durante a viagem.

Quando tomei a decisão de fazer o Caminho, por algumas semanas não consegui tirá-lo da cabeça. Entre tantas possibilidades que eu tinha entre o ponto de partida e o de chegada, cada pequena decisão sobre o roteiro abria um novo leque de histórias e lugares para conhecer. 

A viagem ganhou uma forma real quando abri uma nova folha em branco neste blog e comecei a escrever em forma de listas tudo o que eu ia lendo em livros e sites. Planejar um roteiro à Santiago é ter acesso ao conhecimento acumulado de muitos que realizaram e documentaram suas peregrinações desde o século IX.

Transitei entre as muitas dimensões que envolvem uma viagem tão emblemática: a religiosa, espiritual, cultural, histórica, mas sobretudo, prática. Afinal, andar tantos quilômetros a pé ou de bicicleta, por tantos dias seguidos, é antes de tudo uma aventura, para a qual é necessário preparo e planejamento.

Primeiro em mais alto nível, defini as distâncias possíveis de serem percorridas com a quantidade de tempo que eu tinha. Em seguida, pensei dia a dia, por onde iria passar, quais pontos de interesse, quais fatos históricos relacionados às cidades do caminho. Finalmente, passei a coletar informações práticas e relatar dificuldades que encontrei nessa jornada. Agrupei informações sobre albergues, transporte e mapas que consultarei muitas vezes durante o meu caminho.

Pela primeira vez, escrevo um relato a priori, antes de a viagem começar. De notas e rascunhos, organizei melhor o texto para que sirva não somente como orientação para o meu eu do futuro, como também para outros que farão a peregrinação depois de mim.

Itinerário resumido (de bicicleta)

  • Dia 1 - Porto - Póvoa de Varzim - Esposende (56,2 km) elev. 396 m
  • Dia 2 - Esposende - Viana do Castelo - Caminha (54,9 km) elev. 535 m
  • Dia 3 - Caminha - Valença - Redondela (63,1 km) elev. 492 m
  • Dia 4 - Redondela - Pontevedra - Caldas de Reis (42,4 km) elev. 567 m
  • Dia 5 - Caldas de Reis - Padron - Santiago de Compostela (44,1 km) elev 623 m

Total: 260 km

Dia 1

Partida:

  • 06:39 Lisboa Oriente >> 09:53 Porto Campanha (CP - Comboios Portugueses)
  • 10:01 Porto Campanha >> 10:05 Porto São Bento (CP - Comboios Portugueses)

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Albergue:

  • Hostel do Alto Fão (Rua Engenheiro Alexandre Losa Faria n. 4, 4740-372 Esposende, Portugal)
  • Check-in: 15:00 - 20:30, Check-out: até 11h
  • Telefone: +351 964 371 146

Pontos de interesse

- Sé do Porto: a Sé do Porto teve uma capela medieval dedicada a Santiago. Esteve instalada primeiro no Claustro Velho e transitou para o interior da igreja em época incerta, estando documentada no século XVII junto a um pilar das naves do templo. Os vestígios da capela desapareceram nas obras de restauro do século XX, mas ainda se conserva uma imagem de Santiago de grandes dimensões, de gosto flamengo, como foi comum na escultura de inícios do século XVI, expressiva e realista, cujo olhar se dirige para o observador e parece dialogar conosco, pelo fato de ter a boca semiaberta. Visível no museu da catedral, é uma das mais importantes imagens de Santiago em todo o país e evoca ainda a relevância que o culto ao Apóstolo teve na cidade. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 57)

- Largo do Souto: exibe-se o brasão da vila de Custóias, cuja simbologia está ligada ao culto de Santiago e à passagem dos peregrinos pela localidade. Na parte inferior, alinham-se as águas do rio Leça e a Ponte de D. Goimil, ponto de atravessamento daquele curso de água que evoca a antiga Via Veteris (a estrada velha que, em tempos medievais, ligava o Porto à foz do Rio Ave) e a centralidade de Custóias na rede viária regional. A parte superior do escudo contém ao centro a cruz da Ordem de Malta - em referência ao antigo couto de Leça do Balio, do qual Custóias fez parte - e duas vieiras de ouro, símbolos por excelência da importância do culto a Santiago na vila, sendo mesmo a igreja matriz dedicada ao Apóstolo. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 94)

- Calçada de Santiago (Vila do Conde): Durante séculos, a travessia de Azurara para Vila do Conde fez-se por via fluvial, desembarcando-se homens e mercadorias no Largo da Alfândega, nas imediações da Capela do Socorro. Era aqui o porto da vila, onde chegavam também os pescadores da importante comunidade pescatória estabelecida na localidade. Nessa zona ribeirinha, centro da vitalidade de Vila do Conde ao longo de grande parte de sua história, localiza-se a Calçada de Santiago, hoje uma pequena e discreta rua, mas outrora uma importante via que, através da desaparecida ponte de Santiago sobre o rio das Fontainhas, fazia a ligação entre o centro histórico da vila e a antiga capela de Santiago. Esta última, construída mais junto à foz do rio e que chegou mesmo a dar nome a uma área específica dos arrabaldes de Vila do Conde, já existia no século XVI e foi destruída em altura incerta do século XIX. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 97)


Dia 2

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Albergue:

  • Bom Caminha - Private Albergue for Pilgrims (Rua de Benemérito Joaquim Rosas 25-29, 4910-130 Caminha, Portugal)
  • Check-in: 14:00 - 19:00, Check-out: até 9h
  • Telefone: +351 963 528 441

Pontos de interesse

- A primitiva igreja de Santiago de Castelo do Neiva: em Castelo de Neiva situa-se o mais antigo vestígio material de uma igreja consagrada a Santiago em território hoje português. Trata-se de uma inscrição que, apesar de incompleta, alude à provável sagração de um templo (baselica) dedicado ao Apóstolo e que deve datar do ano 862. A confirmar-se esta data (também truncada na inscrição que chegou até hoje), provar-se-á que, poucas décadas depois da suposta identificação do túmulo de Santiago em Compostela - ocorrida na década de 20 do século IX -, se ergueu um templo dedicado ao Apóstolo num importante ponto de organização e defesa do território da foz do rio Lima. A inscrição foi encontrada em 1931 e exibe-se hoje no interior da igreja. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 104)

- O hospital velho de Vianna da Foz do Lima: o hospital velho, que já em 1459 acolhia  pelegrijs e rromeus que vãa.o e veem para Santiago, ainda é um edifício emblemático da cidade. A sua feição atual data da época manuelina, embora com adições posteriores. Na fachada, um nicho em forma de vieira acolhe a imagem de Nosso Senhor da Ressurreição e, internamente, o conjunto organiza-se ainda a partir de um pátio central quadrangular, de dois pisos, através do qual se fazia o encaminhamento de peregrinos. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 107)


Dia 3

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Albergue:
  • O Refuxio de la Jerezana (Estrada do Pereiro nº 43-45 Cesantes, 36693 Redondela, Espanha)
  • Check-in: 12:00 - 21:00, Check-out: até 10h
  • Telefone: +34 601 16 59 77

Pontos de interesse

- Catedral de Tui: A Catedral de Tui começou a ser erguida na primeira metade do século XII, mas o estaleiro conheceu novo impulso na década de 70 daquele século, depois do rei Fernando II, de Leão, ter instalado a cidade no atual morro sobre o rio Minho. A igreja, iniciada em estilo românico, só foi terminada na época gótica, construindo o seu portal principal (datado da primeira metade do século XIII) um dos primeiros exemplos góticos da Galiza. A cabeceira corresponde a uma ampla reforma realizada em finais do século XV e, do lado esquerdo da capela-mor, existe a Capela de Santiago. Aqui pode admirar-se um retábulo barroco, datado de 1696 e realizado pelo escultor local José Domínguez Bugarín, no qual se representa, em relvo, Santiago a cavalo, vencendo os inimigos mouros que jazem em terra. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 73)

- Cruz de San Telmo: esta discreta cruz não mereceria destaque não fosse evocar a piedade de um ilustre peregrino medieval. Reza a lenda que, estando em peregrinação a Santiago de Compostela, em 1246, São Pedro Gonçalves Telmo adoeceu neste lugar e, segundo outra fonte, acabou por morrer na Catedral de Tui, para onde foi levado. O fato é lendário e a inscrição que conta esta história é recente, revelando mesmo a data errada de morte do santo. No entanto, a hagiografia de São Telmo admite a sua fatal doença na estrada para Compostela. Frade dominicano, protetor dos homens do mar e patrono da cidade e diocese de Tui, é venerado no altar-mor da catefral tudense e na capela homônima construída na cidade, no lendário local onde terá morrido. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 76)


Dia 4

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Albergue:
  • Albergue Vintecatro (Tivo 58, 36655 Caldas de Reis, Espanha)
  • Check-in: 13:00 - 18:30, Check-out: até 9h
  • Telefone: +34 659 06 17 92

Pontos de interesse

- Capela da Virgem Peregrina: A lenda conta que uma peregrina partiu de Éfeso (na atual Turquia) em peregrinação a Compostela e que, em Pontevedra, parou para descansar. O culto a esta exótica, oriental e anónima peregrina fez-se, desde o século XIV, na Capela da Virgem do Caminho, demolida em 1936. Nesta altura, já há muito aquela capela havia sido suplantada por outro templo: o da Virgem Peregrina. O monumento que hoje singulariza Pontevedra começou a ser construído em 1778, segundo projeto do arquiteto Antonio de Soto. A igreja foi terminada em 1792 e aí celebrada a primeira missa dois anos depois. Para lá da cenográfica fachada tardo-barroca, tutelada pelas estátuas de São José, da Virgem Peregrina e de Santiago, o templo impressiona pelo facto de a sua planta replicar a forma de um vieira. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 80)

- São Thomas Becket foi chanceler de Inglaterra, arcebispo de Cantuária e defensor da Igreja face ao poder do rei. A fama de santidade levou-o à canonização em 1173, apenas 3 anos após o seu assassinato às ordens de Henrique II. Uma lenda forjada em época posterior fez dele peregrino jacobeu no ano de 1167, quando estava exilado em França, assumindo-se que teria percorrido parte do Caminho Português. Em memória dessa lenda, o arcebispo de Compostela Martín de Herrera (1835-1922), um dos primeiros revitalizadores modernos do Caminho de Santiago, mandou construir uma igreja. O templo, de feição neoclássica, foi erguido entre 1890 e 1894, aproveitando pedras da torre medieval de D. Urraca, fortificação onde, em 1105, se pensa ter nascido o rei Afonso VII de Leão e Castela. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 83)

- Ponte de Ponte Sampaio: A ponte testemunhou a Batalha de Ponte Sampaio contra a invasão francesa [tropas de Napoleão], que teve lugar em 7 e 8 de Junho de 1809 sob intensos tiros nas duas margens do rio Verdugo e na qual os franceses foram derrotados. (Artigo Ponte de Ponte Sampaio, Wikipedia). 


Dia 5

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Pontos de interesse

- A Fuente del Carme foi construída em dois momentos: a partir de 1577, pelo mestre Pedro de la Bárcena, e no final do século XVIII, no reinado de Carlos III, conforme inscrição que acompanha o arco que enquadra a imagem de Nossa Senhora das Dores sobre o altar. Os motivos jacobeus situam-se mais acima: uma placa em relevo ilustra a barca que levou o corpo de Santiago até à Galiza, já acorrentada a um mastro, enquanto os discípulos rezam, assim indicando que haviam chegado ao seu destino; a rematar o conjunto, dentro de um nicho, Santiago batiza a rainha Lupa, mítica senhora daquela região ao tempo que os restos mortais do apóstolo ali chegaram. Ao longo dos tempos, o abastecimento de água aos peregrinos foi uma preocupação constante e a beneficiação de fontes foi considerada obra pia durante séculos. (Guia dos Caminhos de Santiago, p. 86)

- A cidade de Padrón, na Galícia, penúltima etapa do Caminho Português de Santiago de Compostela e que fica próxima à antiga cidade romana de Iria Flavia, é fortemente ligada à história/lenda de Santiago. Na Igreja de Santiago de Padrón está a suposta pedra onde foi amarrada a barca que transportou o corpo do apóstolo, após navegar pelo rio Ulla. O nome da cidade, Padrón, deriva dessa pedra. De acordo com o Codex Calixtino (ou Códice Calisxtino ou Liber Sancti Jacobi), escrito ao final do século XII por vários autores, ocorreram vários milagres em favor dos discípulos do Santo, que procuravam um local para enterrar o corpo do apóstolo. No promontório de Santiaguiño do Monte, atrás do convento de Padrón, diz a lenda que Santiago ali pregou quando de sua peregrinação na região. (Guia Caminho Português da Costa, Rodrigues)

Regresso:

  • 18:00 Estación de Autobuses, Calle Clara Campoamor s/n >> 21:00 Porto Campanha (Alsa) 
  • 23:55 Porto Campanha >> 02:35 Lisboa Oriente (FlixBus)

Leituras:
  • Guia dos Caminhos de Santiago, Paulo Almeida Fernandes (Porto Editora, 2018). Comprei esse guia na feira do livro de Lisboa e foi o impulso inicial para que essa viagem se realizasse. O livro cobre todas as variantes dos caminhos portugueses, incluindo o Caminho Central Português, o Caminho da Costa, o Caminho Português do Interior e o Caminho de Torres. O livro é seccionado pelas variantes do caminho e organizado em pequenos capítulos, em que cada um é pensado como uma etapa a pé, cobrindo de 20 a 30km de distância. Via de regra, cada etapa de bicicleta pode ser pensada como duas a pé. Excelente leitura para um primeiro contato com o caminho, quando convém adquirir uma compreensão geral de forma fácil e rápida sobre distâncias e percursos. O livro é rico em fotografias e o que mais me encantou foram os destaques para locais relevantes na história do culto a Santiago na Península Ibérica, cujos trechos reproduzi na criação deste roteiro. Por outro lado, os mapas são simplificados e dados de altimetria são fornecidos apenas qualitativamente. A descrição textual das etapas fornece informações úteis sobre o caminho e me guiou ao traçar o caminho no mapa, quando me certifiquei de incluir paragens em pontos de interesse histórico e cultural, ou de beleza natural. O autor é doutor em História da Arte pela Universidade de Coimbra e mestre em Arte, Patrimônio e Restauro. Foi relator da proposta para a inclusão dos Caminhos Portugueses de Peregrinação a Santiago de Compostela na lista indicativa de Patrimônio Mundial apresentada por Portugal em 2015. 
  • Site Caminho Português da Costa http://www.caminhoportuguesdacosta.com/pt. Site oficial da iniciativa para a “Valorização dos Caminhos de Santiago - Caminho Português da Costa”, que consolida informações sobre a candidatura conjunta de dez municípios ao Norte 2020, com o intuito de reconhecer oficialmente o Caminho da Costa como itinerário da peregrinação a Santiago. Inclui excelentes mapas com o traçado oficial do caminho, breve descrição das etapas e uma ferramenta que ajuda a planejar o roteiro, em que se insere o meio de transporte e quantos quilômetros pretende percorrer no dia, ou em quantos dias pretende concluir o percurso, e a ferramenta cria um documento com a divisão das etapas.
  • Site Caminho de Santiago na Galiza https://www.caminodesantiago.gal/pt/inicio. Site muito semelhante ao anterior, mas com informações sobre os caminhos já em território da Galícia. Complementa o site anterior na medida em que se pode conferir o itinerário a partir de A Guarda, tronco que encontra o Caminho Português da Costa em Caminha, ou a partir de Tui, quando o Caminho da Costa encontra o Caminho Central Português na fronteira entre Portugal e Espanha.
  • Site Caminho Português de Santiago https://caminhoportuguesdesantiago.eu/. Outro site com descrição, mapas e imagens dos caminhos portugueses. Inclui o Caminho Central, o Caminho da Costa e uma variação do Caminho da Costa que segue mais próxima ao litoral.
  • Caminho Português da Costa: Porto - Santiago de Compostela, Domingos de Gouveia Rodrigues. Um dos poucos e-books que encontrei na loja da Amazon sobre o Caminho Português da Costa. As seções iniciais, sem dúvida as mais interessantes do livro, reúnem uma série de fatos históricos sobre a peregrinação e sobre o culto a Santiago em Portugal de forma resumida. Em seguida, verbetes enciclopédicas sobre as cidades, sem aprofundamento e repetitivas entre si, e o relato da peregrinação do autor não acrescentam muito, mas podem despertar alguma curiosidade no leitor. 
Dicas de preparação:
  • Viajando de bicicleta: cuidado sobretudo ao planejar a ida para local de início da peregrinação e regresso de Santiago de Compostela. Confira se a empresa de transporte permite carregar bicicletas e quais são as regras. O transporte de bicicleta costuma ser cobrado à parte e cheguei a pagar 20€ na companhia espanhola de ônibus Alsa. Transportar a bicicleta de trem é mais fácil do que em ônibus, mas infelizmente faltam conexões internacionais entre Espanha e Portugal. A mesma dica serve para os albergues: peregrinos a pé têm prioridade sobre os de bicicleta nos albergues públicos, de modo que preferi reservar albergues privados antes da viagem. Ainda assim, nem todos aceitam receber bicicletas. Entre em contato antes de reservar.
  • Albergues: todos os albergues foram reservados pelo Booking.com, a um custo médio de 15€ por uma cama em dormitório. Alguns contam com cozinha comunitária e facilidades para lavar roupa.
  • Credencial do peregrino: morando em Portugal continental, a credencial do peregrino pode ser comprada online no site da Associação Espaço Jacobeus (www.aej.pt) a um valor de 3,50€. Ela é necessária para a obtenção da Compostela ao final da peregrinação, um diploma de conclusão do caminho. A credencial serve como um passaporte, onde se pode coletar carimbos ao longo do percurso que comprovam que caminhou pelos menos os últimos 100 km a pé ou 200 km de bicicleta. Os carimbos são encontrados sobretudo em restaurantes, albergues e igrejas.
  • Navegação: o Google Maps é ótimo e foi minha ferramenta básica. No entanto, por experiência própria em roteiros que fiz próximo à Lisboa, ele frequentemente erra no trajeto de bicicleta. Ora recomenda caminhos que passam por escadarias, onde é necessário carregar a bicicleta no braço, ora sugere caminhos em veredas cujo piso é muito estreito e irregular. No planejamento das etapas, percebi que apenas traçar rota entre o ponto inicial e o final pode fazer com que você deixe de passar por pontos de interesse ou mesmo que se distancie consideravelmente do percurso oficial do Caminho. Usando o Google Maps, confrontava e validava o trajeto sugerido com outras fontes, sobretudo as listadas na seção de leituras. O WikiLoc, aplicativo de navegação colaborativo, também foi muito valioso. Nele é possível conferir qual caminho e com qual meio de transporte (a pé, bicicleta etc.) outros viajantes percorreram. Informações acuradas e mapas com o percurso oficial sobre o caminho podem ser encontradas nos sites listados na seção de leituras, onde é possível baixá-los em diferentes formatos, como o GPX ou KMZ e exportá-los para seu aplicativo de navegação favorito, como Google My Maps ou WikiLoc.
Extratos de leituras

- Surge em 1451 o relato mais antigo mais antigo conhecido do Caminho Português, escrito por Nicolau Lanckman de Valckenstein, capelão e embaixador do imperador alemão Frederico III, na forma de um diário de viagem. Valckenstein liderava uma comitiva imperial e foi incumbido de efetuar, em nome de Frederico III, o casamento per procurationem com D. Leonor (1434-1467), filha do Rei de Portugal D. Duarte I. Seguidamente acompanhou a noiva de Lisboa para a Itália, onde se realizou, em março de 1452, o casamento e a coroação de Frederico III e D. Leonor em São Pedro de Roma. Esse relato, intitulado "Casamento e Coroação do Sereníssimo senhor Imperador Frederico III e de sua Augusta Esposa Dona Leonor por Nicolau Lanckman de Valckenstein" (Historia Disponsationis Frederici III cum Eleanora Lusitanica), foi publicada em 1503. No relato pormenorizado da viagem, Valckenstein demonstra grande admiração por Portugal, particularmente peloo esplendor da corte portuguesa em constraste com a sobriedade da corte de Frederico III. (Guia Caminho Português da Costa, Rodrigues).

Checklist bagagem

  • 5 camisas bicicleta/esporte
  • 5 cuecas
  • 5 pares de meias
  • 2 camisas comuns
  • 3 shorts esporte
  • 1 calça modulável
  • Toalha
  • Tênis
  • Chinelo
  • Saco de dormir
  • Capa de chuva (casaco impermeável)
  • Capa de chuva "poncho"
  • Fleece (acabei descartando no fechamento da mala pelo calor que fazia no verão)
  • Óculos escuro
  • Canivete
  • Cadeado
  • Carregador de celular e power bank
  • Necessaire
    • Escova e pasta de dente
    • Shampoo e sabão 
    • Pomada muscular
    • Protetor solar pequeno/esporte
    • Remédio uso diário
    • Remédio dor muscular
    • Remédio dor de cabeça
    • Álcool gel
    • Lenço umedecido
  • Snacks
    • Castanhas
    • Barrinha proteica
    • Barrinha cereal
    • Gel energético
  • Documentos
    • Passaporte
    • Credencial peregrino
    • Cartão de saúde europeu (p/ residentes)
  • Itens bicicleta
    • Ferramentas
    • Capacete
    • Garrafas d'água
    • Cadeados
    • Pedal reserva
    • Câmara reserva
  • Smartwatch & carregador
  • Sacos plásticos

ROTA OFICIAL 

Trecho em Portugal

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Trecho na Galícia

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