Um grande homem deve conhecer a história - e a capital - de sua pátria.
Brasília é a consequência de uma capital administrativa que não é nem capital financeira, nem cultural. Construída à moda JK, com largas e imensas avenidas, o sítio urbano não favorece a circulação de pessoas. Há raras ciclovias, muito poucas calçadas, e uma geografia favorável à expansão do transporte coletivo ainda pouco explorada. O fluxo é essencialmente baseado em veículos particulares, e caminhões-cegonhas são constantes sobretudo na parte final da Rodovia BR-040, que liga Belo Horizonte à Brasília - um retrocesso às grandes cidades do mundo. Tal cenário torna a cidade, a princípio, sóbria, esvaziada e pouco receptiva.
Planejado em setores e com nomes de rua em caráteres alfa-numéricos, o Plano Piloto ainda é motivo de muitas controvérsias. A segregação das atividades e dos serviços não estimula a integração urbana. O Eixo Monumental é um reflexo da formação histórica e política da nação: longas distâncias e poucas calçadas, com os edifícios dos três poderes separadas por largas e movimentadas avenidas de semáforos e faixas de pedestres quase inexistentes, inibem a mobilização e a participação política popular; a Praça dos Três Poderes é muito dispersiva. Em frente ao Legislativo, uma pequena aglomeração da velha guarda petista reivindicava a pena imposta aos mensaleiros; no Executivo, um grupo um pouco maior de estudantes pedia a federalização da Universidade Gama Filho. Os primeiros sob a bandeira da CUT, e os segundos, sob a da UNE. Ainda muito pouco em relação aos panelaços de Buenos Aires, ou a toda efervescência política de Santiago e até mesmo de demais capitais sul-americanas, em que geralmente funcionam como centros de polarização econômica e cultural. Há, contudo, perspectivas de melhorias: ao passar pelo Congresso, é impossível não se lembrar da icônica imagem das revoltas de junho, quando manifestantes subiram no teto e suas sombras foram projetadas na cúpula arquitetada por Oscar Niemeyer.
Desde a primeira constituição republicana já se idealizava uma capital no centro do país. Embora os cerca de 1.100 km desde o Rio de Janeiro tenham sido cansativos, Brasília é, de fato, muito bem localizada espacialmente. A estrada, agora privatizada, é majoritariamente boa. Muito bem de Rio à Juiz de Fora, entre Juiz de Fora e Belo Horizonte se encontra, provavelmente, o pior trecho. De Belo Horizonte a Brasília, bastantes quilômetros duplicados, até a bifurcação com a BR-365, e daí em diante uma boa estrada, cortando o Planalto Central em grandes e lisas retas, ainda que em mão única. Na parte final, uma maior concentração de caminhões reduziu o ritmo da viagem. Foram feitas duas paradas estratégicas em Minas Gerais durante o percurso: uma em Brumadinho, onde pude admirar a beleza de Inhotim - parque com belos jardins, lagos, esculturas ao ar livre, e diversas galerias de artes plásticas contemporâneas -, e outra em Três Marias, onde funciona uma das mais importantes represas do país, em pleno Rio São Francisco.
As obras de Niemeyer são realmente muito bonitas. É o que faz a visita valer a pena. A arquitetura modernista de Brasília é uma particularidade que não pode ser observada em nenhuma outra cidade do mundo. Sua obra favorita, o Congresso, abriga o plenário dos senadores, semiesfera à esquerda voltada para baixo, e dos deputados, à direita e voltada para cima. Uma visita ao interior do Congresso e do Supremo Tribunal Federal revela também a delicadeza da decoração. Este, com mobília antiga datada do século XIX trazida do Rio de Janeiro, antiga capital, e aquele com obras de arte moderna, com belos vitrais projetados pelo mesmo artista encarregado pelos vitrais da Catedral, que, por sua vez, dispõe de uma beleza inigualável. O Memorial JK, outro projeto de Niemeyer, chama a atenção pela genialidade e ousadia do arquiteto em desenhar a foice, símbolo comunista, em plena ditadura militar. A Esplanada dos Ministérios é imensa, mas hoje já está pequena com o crescente número de novos ministérios; edifícios abrigam mais de uma repartição, e anexos foram construídos.
A visita à Brasília é fundamental para a compreensão da história do país. Nas diversas edificações da cidade, muitos artefatos referentes a própria construção, registros da "Constituição Cidadã", homenagens aos candangos, muitas menções à JK e presentes de uma multiplicidade de chefes de Estado mundo afora. Nas entradas da cidade, muitas obras para a Copa do Mundo. O estádio está pronto e é também muito bonito e bem localizado. O simpático Catetinho, 30 km afastado do centro, é um recanto da simplicidade de JK: palácio modesto, construído em dez dias com madeira e nomeado em homenagem à antiga capital, foi o ponto de partida para a construção de Brasília.
No Palácio da Alvorada, como manda a tradição, depositei sonhos, desejos, e a esperança de dias melhores.

A visita à Brasília é fundamental para a compreensão da história do país. Nas diversas edificações da cidade, muitos artefatos referentes a própria construção, registros da "Constituição Cidadã", homenagens aos candangos, muitas menções à JK e presentes de uma multiplicidade de chefes de Estado mundo afora. Nas entradas da cidade, muitas obras para a Copa do Mundo. O estádio está pronto e é também muito bonito e bem localizado. O simpático Catetinho, 30 km afastado do centro, é um recanto da simplicidade de JK: palácio modesto, construído em dez dias com madeira e nomeado em homenagem à antiga capital, foi o ponto de partida para a construção de Brasília.
No Palácio da Alvorada, como manda a tradição, depositei sonhos, desejos, e a esperança de dias melhores.

show de ball, muito bom o relato, deu vontade de conhecer Brasilia, a tirada história e a descrição geografica foram essenciais para compor o cenário de nossa capital
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